Dr. Maurício Gustavo Bravim de Castro – Cirurgia do Aparelho Digestivo

O QUE É DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO?

A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é a condição que se desenvolve quando o conteúdo do estômago retorna ao esôfago e provoca sintomas desagradáveis e/ou complicações.

O quadro afeta cerca de 20% da população brasileira.

Refluxo gastroesofágico (DRGE)

As causas que merecem destaque são:

1 – A abertura transitória do esfíncter inferior do esôfago (válvula que mantém o conteúdo gástrico dentro do estômago);

2 – A pressão baixa do esfíncter inferior do esôfago, principalmente quando associado à presença de hérnia de hiato, em especial as de grande tamanho.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO

Os sintomas da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) são divididos em dois tipos: os típicos e os atípicos.

Os sintomas típicos são:

  • Pirose (popularmente azia): sensação de queimação na região central do peito, que pode ascender do estômago até o pescoço;
  • Regurgitação: percepção do fluxo do conteúdo gástrico para o esôfago podendo atingir a boca.

Os sintomas atípicos são:

  • Dor torácica não cardíaca (DTNC);
  • Eructação excessiva;
  • Globus faríngeo;
  • Asma;
  • Tosse crônica;
  • Laringite;
  • Fibrose pulmonar idiopática;
  • Apneia e outros distúrbios do sono;
  • Pneumonias de repetição;
  • Otite média;
  • Sinusite;
  • Desgaste do esmalte dentário.

DIAGNÓSTICO DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO

O diagnóstico da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) se inicia identificando os sintomas característicos.

Com relação aos exames, a endoscopia digestiva alta (EDA) é o método de escolha para avaliar se há lesões causadas pelo refluxo. Esofagites acentuadas e esôfago de Barrett confirmam o diagnóstico.

A pHmetria é considerada o método mais sensível para diagnóstico do refluxo, pois documenta a intensidade da exposição ácida ao esôfago.

Na presença de sintomas atípicos (ex: tosse crônica) e nos casos que não respondem ao tratamento clínico, a impedanciometria associada à pHmetria permite uma correlação dos sintomas com a presença do refluxo, mesmo em pacientes que usam medicação.

TRATAMENTO CLÍNICO DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO

O tratamento da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) objetiva controlar os sintomas, cicatrizar as lesões e prevenir complicações, podendo ser fundamentalmente clínico, cirúrgico (por laparoscopia ou por robótica) ou ou endoscópico.

As medidas comportamentais e dietéticas são fundamentais para o bem-estar geral e diminuição dos sintomas gastrointestinais:

  • Perder peso (ideal 10% do peso que iniciou os sintomas em casos de sobrepeso ou obesidade);
  • Preferir alimentos naturais (verduras, legumes e frutas) divididos durante o dia;
  • Moderação na ingestão dos seguintes alimentos: ricos em gorduras, condimentados, cítricos, café, chá ou que possuem gás;
  • Evitar refeições volumosas;
  • Evitar deitar por duas ou três horas após as refeições;
  • Cessação do tabagismo e etilismo;
  • Evitar roupas apertadas;
  • Evitar medicamentos que causam boca seca;
  • Praticar atividade física 5 vezes por semana com atividades aeróbicas e de fortalecimento muscular;
  • Não comer antes das atividades físicas (alimentar 1 hora antes de se exercitar);
  • Manter os cuidados com o sono, elevação da cabeceira da cama (15cm) ou, se preferir, dormir do lado esquerdo.

Os principais medicamentos que são indicados no tratamento da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) determinam a diminuição da secreção gástrica ácida, uma vez que atuam na melhora dos sintomas e cicatrização da esofagite.

São eles:

  • Bloqueadores de receptores H2, Inibidores da bomba de prótons (IBPs) e bloqueadores ácidos potássio-competitivos (P-CAB);
  • Antiácidos, alginatos e sucralfato.

A maioria dos pacientes se beneficiam  do uso intermitente dessas medicações, mas uma parte deles necessitam do seu uso contínuo e, às vezes, em altas doses.

Somente o médico é capaz de prescrever o melhor medicamento baseado na apresentação clínica e na gravidade dos sintomas dos pacientes.

OUTROS TRATAMENTOS DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO

Os pacientes muito sintomáticos que necessitam da medicação de uso contínuo e que possuem exames alterados (endoscopias, pHmetria ou impedâncio-pHmetria esofágica, exame contrastado do esôfago) poderão ser avaliados para o tratamento cirúrgico ou endoscópicos.

Há várias técnicas cirúrgicas e endoscópicas que podem ser indicadas de maneira personalizada. Apenas o seu médico é capaz de determinar se o seu caso se beneficiará de tais procedimentos.

Independente da escolha do tratamento, as medidas dietéticas ou comportamentais devem ser mantidas por toda a vida.

O controle a longo prazo (pelo menos anual) deve ser mantido independente do tratamento proposto.

Sou o Dr. Mauricio Bravim especialista em cirurgia digestiva, dedicado há 29 anos à motilidade digestiva e neurogastroenterologia, deixo o meu convite para uma futura e saudável parceria na qual possamos colher frutos juntos, objetivando a melhor abordagem e correto diagnóstico das afecções gastrointestinais que tanto interferem na qualidade de vida dos pacientes.

REFERÊNCIA

Diretriz Brasileira de Conduta Terapêutica na Doença do Refluxo Gastroesofágico (Federação Brasileira de Gastroenterologia – FBG), 2024

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